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Mormaço – Parte Final

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Antes de ler este conto, leia a Parte 1 e a Parte 2

Claudia chegou tarde do trabalho aquela noite, era madrugada. Quando se aproximava da portaria, viu que havia um envelope em sua caixa de correio. Abriu a caixa e verificou se tratar de algo que parecia um documento. Tirou os sapatos, adentrou ao apartamento, e sem tirar a roupa ou fazer qualquer outra coisa, sentou-se ao sofá para ver o conteúdo do envelope. Parecia uma monografia, ou um roteiro de alguma coisa.

Na capa apenas a inscrição: “Parte 2”. Ao ler os primeiros trechos, Claudia entendeu que ali estava parte da continuação de “Mormaço”, o livro de Júlio que tanto mexeu com sua mente e sua libido. Abriu um sorriso e foi fazer café, sabia que passaria a madrugada acordada lendo os trechos daquele novo livro.

Segurando uma xícara vermelha, Claudia começou a ler o conteúdo daquele envelope e se assustou com tudo ali descrito, a sequência do livro mostrava uma Helena interessada pelo poeta, mais do que isso, no livro, Helena visitava o poeta algumas vezes, e estavam retratados exatamente os momentos em que Claudia visitou Júlio, com todos os detalhes imagináveis e inimagináveis. Sempre que o visitou, ele sabia de sua presença. Como poderia? Será que havia uma câmera na livraria? Estava sempre de costas quando ela se aproximava. Ela devorava as páginas, para saber o que seguiria adiante. o que ele havia imaginado após suas visitas.

O último capítulo do livro não retratava uma visita sua, era algo inédito, o encontro do Poeta com Helena:

Helena adentrou a livraria, mas a escuridão do local não permitia enxergar muita coisa. Sentia um cheiro leve, adocicado, que não conseguia identificar. “Fique descalça e siga em frente”, ouviu sem conseguir determinar de que ponto exato vinha tal voz. Obedeceu, tirou os sapatos e seguiu. Enquanto caminhava sentiu algo macio por sobre o carpete. Abaixou-se e pegou com as mãos para tentar identificar o que era. Sorriu, eram pétalas de rosas, a livraria inteira estava coberta de flores.

A voz que havia lhe dito para tirar os sapatos, neste instante começava a recitar poesias em sua homenagem. Helena não conseguia identificar de onde vinha à voz, parecia vir de todos os lugares. Enquanto caminhava lentamente por sobre as pétalas, e ouvia as poesias, sentiu as mãos do poeta em sua cintura. Ele a abraçou por trás e beijou sua nuca. Enquanto lambia sua orelha, ela podia ouvir a respiração pesada. Sentia o calor de sua pele, arrepiava com todas as sensações, sem conseguir enxergar uma só fração do que estava acontecendo.

O poeta apalpava seus seios, descia a alça de seu vestido e mordia seu ombro, enquanto sentia o mamilo de Helena na palma de sua mão. Ele a virou de frente e passou a beijar sua boca com sofreguidão, dando-lhe a impressão que este era o último beijo que um ser humano estaria recebendo na Terra. Afagava seus cabelos, tocava-lhe os lábios e invadia sua boca com a língua, que ao encontrar com a dela, criava um balé úmido, quente e intenso.

Helena sentia o coração do poeta, palpitando dentro dela mesma. Externamente sentia o bico dos seus seios roçando nos pelos do peito dele. Carinho, aconchego e luxúria. Ela passou a beijar-lhe o peito, a barriga, passando as mãos pelo corpo do seu poeta. Queria sentir cada trecho de seu corpo como sentia de suas palavras. Helena ajoelhou-se diante do poeta e abocanhou seu sexo, sorvendo sua virtude, tentando tirar o maior prazer que pudesse proporcionar. Sentia o seu gosto, o sabor de seu sexo, devorando com volúpia o seu poeta. Ele a puxou pelos braços, e a deitou por sobre o carpete, sugava seus seios enquanto tocava seu sexo, retribuindo todo o prazer que havia recebido há instantes.

Ela ansiava pelo peso de seu corpo, precisava senti-lo dentro de si. O puxou em sua direção e sentiu seu corpo sendo invadido, penetrado pelo sexo de seu poeta. O impacto de seu quadril, subindo e descendo por entre suas coxas, o suor ajudando a refrescar sua pele, e os beijos intensos que trocavam, entorpeciam Helena. Com movimentos mais intensos sentia sua alma levitar nos braços do poeta, as contrações de seu corpo anunciavam o nirvana que viria a seguir. Não precisava de luz, não precisa de escuridão, sabia que em instantes não haveria nada, só o torpor do prazer recebido.

Helena adormeceu no peito do poeta, no meio da livraria, por sobre o carpete…

E assim terminava o último capítulo do documento que Claudia havia recebido. Nada mais, nem uma linha sequer. Ela se levantou e tomou um banho quente, pensando em tudo que havia lido. Júlio era de fato o seu poeta, ele conseguia transpor em palavras exatamente todo o desejo que ela tinha por ele.

Enquanto enxugava os cabelos, sentada no sofá, Claudia percebeu que havia um pequeno papel, além do livro, dentro do envelope. Nele Júlio a convidava para encontra-lo, em um bar da cidade no dia seguinte. Havia ali o endereço, o horário e um pedido: “Venha me ajudar a terminar a continuação de Mormaço”.

No dia seguinte Júlio estava ali, no local marcado para enfim encontrar com sua musa novamente. Dessa vez sem rodeios, sem desencontros e sem meias palavras. Seriam diretos em suas vontades, em seus desejos e, realizariam suas fantasias como sempre imaginaram. Ele esperou que ela aparecesse por horas, mas Claudia nunca foi ao seu encontro.

O romance com o escritor era platônico, como dizia à música que tanto ouvia enquanto pensava nele, “I wish I was special.. You’re so fucking special”, ela queria ser especial, assim como ele era para ela, mas o refrão da música não termina aí, ”But I’m a creep, I’m a weirdo. What the hell am I doing here? I don’t belong here”. Claudia não pertencia aquele romance, ela não poderia viver aquela realidade, ela só desejou vive-la, e ser desejada pelo escritor. E isso, ela já tinha.

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Sobre Rodrigo Barros

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Empreendedor e escritor, Rodrigo Barros é bacharel em Biblioteconomia e em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Gerência de Projetos e MBA em Gestão de Marketing. Fundador e editor chefe na Cartola Editora.

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