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Orfeu: do gramado das Laranjeiras às telas do cinema

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A história de Orfeu e Eurídice é originária da mitologia grega e ficou popularmente conhecida no Brasil a partir da peça teatral Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes, em 1954. A peça continha músicas em parceria de Vinicius com Tom Jobim, que foram lançadas em um elepê em 1956. Três anos depois, o cinema brasileiro foi agraciado com a primeira adaptação da peça, chamada de Orfeu do Carnaval (Orfeu Negro, em Portugal), feito repetido em 1999 com o título de Orfeu, dirigido por Cacá Diegues, com trilha sonora de Caetano Veloso, tendo o cantor Toni Garrido e a atriz Patrícia França nos papéis de Orfeu e Eurídice.

Em sua primeira versão para o cinema, em 1959, o filme ítalo-franco-brasileiro foi dirigido por Marcel Camus e teve roteiro adaptado por Camus e Jacques Viot. A trilha sonora foi de responsabilidade de Tom Jobim e Luís Bonfá. Vinícius de Moraes e Antônio Maria também tiveram músicas incluídas. O diretor francês, Marcel Camus, já havia escalado a atriz estadunidense Marpessa Dawn, radicada na França, para o papel de Eurídice, mas precisava de um ator negro para incorporar Orfeu.

Bem longe das telas de cinema, após atuar no juvenil do São José de Porto Alegre, Breno Higino de Mello surgiu como centroavante no extinto Renner, de Porto Alegre, onde conquistou o campeonato Gaúcho em 1954. Após a boa campanha foi contratado pelo Santos, onde atuou na equipe de Pelé, sem muito sucesso. Chegou ao Fluminense em 1957 e estreou como titular na derrota por 3 a 0, para o Nacional de Minas Gerais, em um amistoso interestadual. Não teve muitas oportunidades no Clube, atuou em onze partidas como titular, marcando quatro gols, até 1959, quando deixou as Laranjeiras após atuar na vitória por 5 a 1 sobre a Seleção de Colatina, pouco antes do início do Campeonato Estadual que seria conquistado pelo Fluminense.

Em 1958, Breno passeava pela praia quando conheceu o diretor Marcel Camus, que logo viu em Breno a imagem que tinha para o Orfeu de seu filme. Convidou o jogador para realizar alguns testes e esse após aprovado passou a fazer parte do elenco da película. Breno atuou como Orfeu e ainda interpretou as canções A felicidade e Manhã de carnaval. O filme recebeu inúmeros prêmios, entre os quais a Palma de Ouro em Cannes, em 1959, o Globo de Ouro e o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1960.

Ao término de seu contrato com o Fluminense, Breno chegou a retornar ao Santos, mas abandonou os gramados e passou a se dedicar à carreira de ator. Entre seus filmes estão Ratos del Puerto, Negrinho do Pastoreio, Os vencidos e O trem pagador. Sua última aparição nas telas foi no documentário Renner – O Papão de 54, que retrata a conquista do Campeonato Gaúcho pelo Renner, quebrando a hegemonia da dupla Grêmio e Internacional. Faleceu em 2008, após sofrer um infarto em Porto Alegre.

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Sobre Rodrigo Barros

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Empreendedor e escritor, Rodrigo Barros é bacharel em Biblioteconomia e em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Gerência de Projetos e MBA em Gestão de Marketing. Fundador e editor chefe na Cartola Editora.

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