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Os novos uniformes do Atlético-MG e a polêmica desnecessária

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Eu estava curioso com o lançamento dos novos uniformes do Atlético-MG, fabricados pela Dry World.  Primeiro porque é uma nova empresa de material esportivo entrando no mercado nacional. Depois que a empresa será responsável também pelos novos uniformes do Fluminense, meu time de coração. Além da paixão pelo futebol, sou também profissional de marketing e já trabalhei, inclusive, com marketing esportivo no futebol.

No dia seguinte ao lançamento, diversas críticas a ele, simplesmente pelo fato de o Atlético-MG ter se utilizado de modelos usando biquínis para divulgar o novo uniforme. Li algumas pessoas acusando a Dry World de machismo, ainda que a decisão pelo uso de modelos tenha sido do clube. Chegou a circular pela Internet uma etiqueta de camisetas masculinas da marca, que na instrução para lavagem vinha escrito give it to your wife (entregue isso a sua esposa). A empresa informou que a imagem era parte de uma campanha de publicidade criada por uma agência que foi recusada pela empresa, seria apenas um mockup, um demo publicitário. Ainda que eu precise morrer e encarnar novamente para lavar uma camiseta da mesma maneira que minha mãe o faz, a veiculação seria minimamente de mau gosto e como não foi veiculada de forma oficial (Uma versão personalizada para mim poderia ter “Entregue pra sua mãe e pare de estragar suas camisetas”), não carece de mais comentários.

Vamos atentar ao fato de o Atlético-MG utilizar modelos durante o lançamento. Qual seria a grande novidade? Todos os clubes usam modelos femininos em seus lançamentos. Elas estavam de biquíni? E daí? Onde isso retrata machismo? Não tem nada mais sem sentido do que mulheres usando todo o uniforme masculino. Fica parecendo uma criança pequena com uma roupa três números acima. Inclusive, hoje em dia temos camisas exclusivamente femininas, ainda que não existam times femininos na maioria dos clubes do Brasil. O Atlético-MG chegou a lançar uma coleção rosa de seu uniforme (havia uma versão masculina) que tinha como alvo o público feminino.

Falando em público alvo, é evidente que apesar de muitas mulheres gostarem de futebol, o público alvo do esporte é o masculino. Não se trata de machismo, sexismo, nem de qualquer preconceito do gênero. Nem precisamos de muito estudo sobre o consumidor final, estamos falando do óbvio. O universo masculino respira o futebol, está no dia a dia, impregnado no DNA masculino, arrisco a dizer que o cromossomo Y é o responsável pelo nosso amor pelo futebol (Isso é uma brincadeira, não fiquem irritadas meninas). O mesmo vale para outras campanhas publicitárias, como cervejas, carros, entre outras. Por mais que mulheres tenham carros e gostem de beber cerveja, o número é ínfimo, perto do interesse masculino, e por isso ele é o público alvo. Homens também usam sapatos, mas o público alvo de propagandas de sapatos, não é o masculino. Simples, não?

Marketing é um conjunto de atividades que envolvem o processo de criação, planejamento e desenvolvimento de produtos ou serviços que satisfaçam as necessidades do consumidor. Tem por objetivo atingir ao maior mercado possível, por isso criam camisas femininas que não serão usadas pelos jogadores, para atingir um público ainda maior, mas não se pode desprezar ou ignorar quem é seu público alvo, e no caso do futebol é o público masculino. Todos os anos, temos na TV (e na Internet) a “Musa do Brasileirão”, modelos com corpos estonteantes fazem ensaios seminus utilizando as camisas dos clubes e concorrendo entre si. Ensaios que normalmente são bem mais provocantes que o desfile de lançamento dos novos uniformes do Atlético-MG. Ninguém fala em sexismo, ninguém reclama e nem pede uma versão “Muso do Brasileirão” para atender a expectativa das torcedoras. Poderia me aprofundar ainda mais na questão do tipo de interesse do público feminino quanto ao mercado, explicar que mulheres são menos visuais que os homens, mas me alongaria demais no tema e não é esse o objetivo.

A entrada da Dry World no mercado ameaça a soberania de outras empresas, como Adidas, Nike e Puma. Não me espantaria se a “polêmica” em cima de uma prática comum tivesse sido criada com outros interesses, muito mais comerciais do que éticos.

Algumas imagens que ilustram o que foi dito no texto:

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Sobre Rodrigo Barros

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Empreendedor e escritor, Rodrigo Barros é bacharel em Biblioteconomia e em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Gerência de Projetos e MBA em Gestão de Marketing. Fundador e editor chefe na Cartola Editora.

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Um comentário

  1. Boa tarde, O mundo está mudando e também o futebol tem evoluído ao longo dos anos como você mesmo disse num post anterior, Não urinam mais nas paredes dos estádios, não existe mais geral, um clube (Grêmio) foi punido por ofensas de seus torcedores… Ou seja, sempre foi assim, mas um dia tudo isso mudou..E as mulheres estão se mostrando incomodadas de serem tratadas com a idéia de que no futebol mulher é só “visual”. Vc disse “Não tem nada mais sem sentido do que mulheres usando todo o uniforme masculino”, mas qual o sentido em uma mulher usar calcinha numa apresentação de uniformes masculinos? No vestuário feminino existe calça jeans, shorts, bermuda, saia… Se uma empresa quer atingir o publico alvo, tudo bem mas não precisa diminuir/ofender a outra parcela do público alvo para isso. Na TV e internet tem mulher pelada sim ou com a camisa do time que quiser, mas o telespectador tem a opção de mudar de canal se não quiser assistir, o que não foi o caso da apresentação de uniformes de uma instituição que tem torcedores e torcedoras. Tem muita coisa errada no futebol brasileiro, As diferenças de tratamento dado entre os clubes, entre as torcidas, e entre os torcedores são uma delas. O futebol NÃO PODE ser assim mesmo.
    OBS; Torço que a DRY WORLD seja uma parceria de sucesso no Fluminense.

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