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Oscar Cox

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Nascido em 20 de janeiro de 1880, no Largo dos Leões, bairro do Humaitá, no Rio de Janeiro, Oscar Alfredo Sebastião Cox era filho de George Emmanuel Cox, cidadão inglês, porém, nascido em Guayaquil, no Equador (seu pai fora vice-cônsul da Inglaterra), e da carioca Minervina Dutra Cox.

Ainda jovem foi enviado à cidade de Lauseanne, na Suíça, para estudar no Colégio La Villa, onde aprendeu a jogar futebol e se apaixonou pelo esporte bretão. Retornou ao Brasil em 1897, com apenas 17 anos, disposto a formar uma equipe de futebol no Rio de Janeiro, já que a prática esportiva na cidade era basicamente inexistente.

A título de curiosidade, a primeira partida registrada na cidade ocorrera um ano antes de seu nascimento, em 1879, quando a tripulação do navio britânico Crimeia, realizou uma partida de futebol em frente ao palácio da Princesa Isabel, hoje conhecido como o Palácio da Guanabara, sede do governo estadual, ao lado do Fluminense Football Club, no bairro das Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro, com o consentimento da princesa.

Em 1901, após uma viagem a Londres, Oscar Cox retornou ao Brasil trazendo na mala bolas de futebol, regras e a grande área, criada naquele ano. Após diversas tentativas fracassadas, conseguiu organizar a primeira equipe carioca de futebol, batizada de Rio Cricket, e a primeira partida que se tem registro, realizada no Rio de Janeiro. No dia 1º de agosto de 1901, no campo do Rio Cricket and Athletic Association (Clube fundado em 1872, tendo George Emmanuel Cox, pai de Oscar Cox, como um de seus fundadores), em Niterói, realizou-se a partida contra um combinado de jogadores ingleses chamados de Athletic Association Niterói.

A partida que terminou em 1 a 1 com gol de Julio de Moraes para os Cariocas, foi assistida por 15 pessoas: o pai e a mãe de Victor Etchegaray, Mário Rocha, Domingos Moitinho e onze tenistas que se encontravam na sede do Rio Cricket. A equipe carioca era formada por: Clyto Portella, Victor Etchegaray, W. Schuback, M. Frias, Oscar Cox, Max Naegely, Costa Santos, E. Moraes, L. Nobrega, Julio de Moraes e F. Frias.

Mais dois confrontos foram realizados contra o Athletic Association Niterói, dessa vez no campo do Paysandu Cricket Club, com mais dois empates. Animado com as primeiras partidas, Oscar Cox trocou cartas com René Vanorden, do Sport Club Internacional, de São Paulo, e idealizou a primeira excursão do País para a prática do futebol. O projeto de Cox foi acolhido não só por René, como também por Ibañez Salles, do Club Atlético Paulistano, R. Nobiling, do Sport Club Germania, Antônio Costa, do Sport Club Internacional, e Charles Miller, Fox Rule e Boyes, do São Paulo Athletic.

No dia 19 de outubro de 1901, no campo do São Paulo Athletic, ocorreu o primeiro encontro de futebol entre quadros do Rio de Janeiro e São Paulo. O combinado Paulista se denominou São Paulo Scrath Team, e os Cariocas fizeram algumas modificações na equipe que enfrentou o combinado inglês, Schuback no gol e Mário Frias e Nóbrega na defesa, o meio campo foi armado com Cox, Wrighe e McCullock, enquanto no ataque, ocorreu a entrada de Walter na ponta direita, passando Haroldo da Costa Santos para o lugar de Nóbrega e a equipe passou a chamar-se Rio Scratch Team. A partida teve início às 4h55 da manhã e terminou com o empate de 2 a 2, os gols do Rio Team, foram marcados por Félix Frias e McCullock. No dia seguinte, um novo encontro entre as equipes e um novo empate, dessa vez sem gols.

No retorno da excursão para São Paulo, em um trem ainda de madeira, Oscar Cox e seus companheiros cogitam a hipótese de se criar o primeiro clube do País voltado exclusivamente para a prática do futebol. Marcaram para novembro, uma reunião na sede do Laranjeiras Club, visando a fundação do Rio Football Club.

A reunião marcada para o dia 30, às 20h30, foi um fracasso, poucas pessoas compareceram. A ideia, no entanto, agradou João Ferreira, que apaixonado pelo futebol, fundou no dia 12 de julho de 1902, o Rio Football Club, que viria a ser o primeiro adversário do Fluminense. No mesmo mês, nova excursão dos cariocas para São Paulo, onde foram disputadas duas partidas, uma contra o Club Atlético Paulistano e outra contra o Sport Club Internacional. Os Paulistas saíram vitoriosos nos dois confrontos, 1 a 0 e 3 a 0. Todas as despesas do hotel foram pagas pelos paulistas, como ajuda de custo e ainda adiantaram aos visitantes o valor de Quinhentos Mil Réis.

A delegação carioca retornou ao Rio de Janeiro no dia 15 de julho, com o firme propósito de fundar um clube de futebol no estado. Oscar Cox e seus companheiros convocaram então nova reunião para o dia 21 de julho de 1902, no prédio da Rua Marquês de Abrantes, 51, residência de Horácio da Costa Santos.

A reunião foi presidida inicialmente por Manoel Rios e secretariada por Oscar Cox e Américo Couto. João Carlos de Mello e Virgílio Leite propuseram que Oscar Cox presidisse a reunião, o que foi aceito por todos. Cox então assumiu a presidência da reunião e Manoel Rios assumiu a função de secretário. Ainda por proposta de João Carlos de Mello, foram considerados fundadores, sem regalias, os vinte sócios presentes. Foram eles: Horácio da Costa Santos, Mário Rocha, Walter Schuback, Félix Frias, Mário Frias, Heráclito de Vasconcelos, Oscar Alfredo Cox, João Carlos de Mello, Domingos Moitinho, Luís da Nóbrega Júnior, Arthur Gibbons, Virgílio Leite, Manoel Rios, Américo da Silva Couto, Eurico de Moraes, Victor Etchegaray, A. C. Mascarenhas, Álvaro Drolhe da Costa, Júlio de Moraes e A. H. Roberts.

Devido à criação do Rio Football Club, por João Ferreira, o novo clube fundado por Oscar Cox, não poderia levar o mesmo nome, logo, como todos aqueles que nascem no Rio de Janeiro são fluminenses, o novo clube destinado à prática do futebol foi batizado de Fluminense Football Club, que com a extinção do Rio Football Club, é hoje a agremiação criada para a prática do futebol mais antiga do Rio de Janeiro em atividade.

Oscar Cox foi presidente do Fluminense de 21 de julho de 1902 até 15 de dezembro de 1903. Em 17 de outubro de 1902, administrou a assembleia, onde foram aprovados os estatutos do clube, que já contava com 55 sócios. O uniforme da equipe também fora definido, tendo a camisa com gola e botão metade branca, metade cinza. O escudo, no lado esquerdo do peito, também era metade branca e metade cinza, com o monograma FFC em vermelho. O calção era branco e as meias pretas. Como complemento utilizava-se um boné branco e cinza com o escudo do clube.

Cox comunicou ainda o aluguel de um terreno na Rua Guanabara (atual Pinheiro Machado), na esquina com a Rua do Roso (atual Coelho Neto), pertencente ao Banco da República, por 100 mil Réis mensais. No terreno, de 80 metros de frente por 135 metros de lado, havia uma chácara que viria a ser a primeira sede do clube. O presidente tomou para si a responsabilidade de construir a primeira praça esportiva do Rio de Janeiro

Em 1903, foi responsável pelo nivelado no terreno onde hoje está localizado o Estádio das Laranjeiras. A máquina niveladora e a de cortar grama, vindas da Inglaterra, eram puxadas pelo burro “Faísca” que, para não estragar o nivelamento, era sempre cuidadosamente calçado com luvas de veludo nas quatro patas. Faísca passou então a ser chamado de “o burro mais elegante do Rio de Janeiro”.

Oscar Cox atuou também como jogador em nove partidas. Foi campeão carioca em 1906 e 1908 atuando em cinco oportunidades, tendo disputado ainda mais quatro partidas amistosas, em 1902 e 1903, entre elas a primeira partida realizada pelo clube, a goleada por 8 a 0 sobre o Rio Football Club. Seus irmãos Edwin e Harold Cox, também jogaram pelo Fluminense.

Cox mudou-se para Londres em definitivo no ano de 1910. Recebeu em seu embarque uma mensagem de despedida assinada por todos os sócios do Fluminense. Essa mensagem foi encontrada em seus pertences após sua morte, junto ao seguinte texto, escrito por ele:

Cresswell. In case of my death, send to Mario Pollo, secretary of Fluminense F. C. Rio de Janeiro

A mensagem traduzida para o português:

Cresswell. No caso de minha morte, enviar a Mário Pollo, secretário do Fluminense F. C., Rio de Janeiro“. Sua vontade foi atendida e a carta se encontra em posse do clube.

Após seu falecimento, teve o corpo transladado para o Rio de Janeiro, sendo sepultado no Cemitério de São João Batista (Carneiro Perpétuo 2.068 – Quadra 38), no bairro de Botafogo, em 27 de outubro de 1931.

Nas comemorações do cinquentenário da fundação do Fluminense Football Club, no túmulo de Oscar Cox foi inaugurada uma placa de bronze com a inscrição:

Viver e não deixar uma instituição atrás de si não vale a pena viver. Oscar Cox dirigiu a fundação do Fluminense Football Club, que, no seu Cinquentenário, aqui grava sua gratidão e saudade“. Uma homenagem prestada pelo então presidente do clube, Fábio Carneiro de Mendonça.

Em 2015, na gestão do presidente Peter Siemsen, foi inaugurado na sede das Laranjeiras um busto de Oscar Cox, homenagem mais do que justa, ainda que tardia.

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Sobre Rodrigo Barros

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Empreendedor e escritor, Rodrigo Barros é bacharel em Biblioteconomia e em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Gerência de Projetos e MBA em Gestão de Marketing. Fundador e editor chefe na Cartola Editora.

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