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A democracia e o tabuleiro de xadrez

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Aos que me conhecem sabem que eu sou a favor da democracia. Não, eu não sou a favor da corrupção, nem da situação econômica atual e nem do que foi feito nos últimos anos de governo do PT, principalmente da atual presidenta. Ah, e eu não uso o termo “presidenta” porque sou “esquerdopata”, baba ovo do governo ou qualquer outro demérito. Uso o termo porque é o correto, tanto para a língua portuguesa quanto para o legislativo. Você pode até não gostar, mas já deveria ter se acostumado às mulheres no poder, têm várias hoje, não só a Dilma.

Defensor da democracia que sou, e do exercício do voto pelo cidadão, serei sempre contra tentativas políticas de desestabilizar um governo eleito, ainda que se utilizasse de um artifício legal. Sim, o impeachment é um artifício legal, como foi quando os militares assumiram o poder, acordos políticos, justificativas estapafúrdias, atos institucionais, área conservadora e a queda do presidente. Não preciso me alongar ao tema, está na história, mas, apesar do senado, do ato institucional, e do Estado de Exceção, chamamos de Golpe Militar.

Sendo assim, me dou o direito de usar o termo “golpe”, para o Impeachment que querem mais uma vez implantar no Brasil, a ala conservadora, aqueles que perderam a eleição há poucos meses e se acham os donos do País. E antes que me perguntem, eu também considerei um golpe político a queda do presidente paraguaio Fernando Lungo. Também eram políticas as tentativas de queda de FHC e Lula. Ainda que esses tivessem motivos de sobra para que se iniciasse um processo de destituição.

Fernando Collor deixou o poder após atos políticos, pressões populares e da mídia, além das políticas econômicas que resultaram em perdas para muita gente, incluindo os “marajás”, como ele chamava. Pressões de pessoas que hoje são envolvidas em escândalos ou denúncias de corrupção. Os anões do orçamento estavam lá, o líder cara-pintada, hoje com a imagem mais suja que pau de galinheiro e a turma do “mensalão”, do “trensalão”, “Operação Zelotes” e afins.

O presidente deposto era inocente? Longe disso, ainda que o STF o tenha considerado inocente (anos depois), provas não faltaram de seu envolvimento em lavagem de dinheiro, propinas e outros. Aliás, alguns de seus adversários políticos que bradavam contra isso, estão hoje ao seu lado em denúncias no “Lava Jato”. A briga na época era política, a guerra de interesses de sempre, assim como hoje. Ninguém estava contra a corrupção, contra o que é imoral e antiético. Estavam contra o Collor, assim como hoje estão contra o PT.

Por favor, evitem o argumento vazio do “antes não era golpe quando queriam o Collor e o FHC fora”. Isso cola com um ou outro, não comigo. Primeiro que 90% das pessoas conhecidas por você hoje, não o era há vinte anos. Também não havia redes sociais para que você soubesse de fato a opinião de terceiros em larga escala.  Cada uma das situações é individual, e não imagino que hoje, com quase quarenta anos, eu pudesse ter a mesma opinião que eu tinha aos quinze, por exemplo. Evoluir também é amadurecer e enxergar os fatos por outro prisma.

Por fim, lembre-se: A política é como um jogo de xadrez. Um Rei nunca poderá dar xeque a outro Rei, é preciso que sejam manipuladas outras peças.

Eu não gosto de ser manipulado como um peão, e imagino que você também não.

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Sobre Rodrigo Barros

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Empreendedor e escritor, Rodrigo Barros é bacharel em Biblioteconomia e em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Gerência de Projetos e MBA em Gestão de Marketing. Fundador e editor chefe na Cartola Editora.

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