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O ódio não pode transformar um sonhador

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Foram tantos os acontecimentos na última semana, tantas as notícias, tantas as variações de pensamentos, tantas as lágrimas desprendidas e, muitas vezes, tantas as raivas sentidas, que preferi não escrever uma só linha sobre qualquer coisa. Como diria Raul Seixas, “é pena eu não ser burro, eu não sofria tanto”. Eu já disse, e já publiquei aqui também, que não se pode ter uma única e eterna esperança na esquerda brasileira para as eleições, mas aquilo no que transformaram o Brasil vai muito além das nossas preferências eleitoreiras.

O ódio ao Partido dos Trabalhadores e ao ex-presidente Lula é latente, e faz tempo. Existem diversas pessoas que conheço, que já proferiam seu ódio a eles muito antes das eleições de 2002. Os anos passaram e os ataques são os mesmos, além do óbvio preconceito que sempre aflora: nordestino, semianalfabeto, aleijado, entre outros. Inclusive, eu demorei para aceitar a ideia de que tudo se trata apenas de ódio de classe, mas a cada dia que passa, a percepção de que tudo gira em torno disso torna-se maior.

Eu não sou burro, e muito menos cretino. Eu sei bem como funciona a seletividade da justiça e a parcialidade dos meios de comunicação no Brasil, e justamente por ter caráter, eu não vou compactuar com isso. Tenho minhas críticas ao Lula e aos governos do PT, tanto em sua gestão quanto na gestão de Dilma Roussef, mas não há como ficar imune ao que está se passando.

Desde que passei a me posicionar abertamente em favor de Lula nas redes sociais, tornei-me alvo de xingamentos e ameaças de agressões físicas, fato costumeiro nos tempos virtuais, e ainda que se configure crime, algo muito menor do que o tem acontecido pelas ruas, onde as pessoas estão sendo alvejadas por tiros sob os olhares silenciosos dos jornalistas, os mesmos que noticiam massivamente “ataques” com ovos em seus repórteres durante manifestações. É preciso resistir, o livre pensamento precisa sempre ser exercido e o debate torna-se cada vez mais necessário. Eu não vou me calar e nem será possível me desestimular a escrever.

Ainda que algumas situações me revoltem, já que muitas vezes eu mesmo perca o controle, procuro respirar e afastar-me do debate, dos comentários e até mesmo das discussões ao vivo, para que possa refletir e acalmar-me. Não permitirei que meu espirito seja aprisionado nesta teia de ódio que permeia aqueles que trabalham para que o mundo seja um lugar pior para se viver. Eu não serei essa pessoa, jamais poderão aprisionar os nossos sonhos e o ódio não poderá transformar um sonhador.

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Sobre Rodrigo Barros

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Empreendedor e escritor, Rodrigo Barros é bacharel em Biblioteconomia e em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Gerência de Projetos e MBA em Gestão de Marketing. Fundador e editor chefe na Cartola Editora.

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