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Onde o Rio é mais baiano…

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Cada décimo perdido na apuração das outras escolas acelerava os batimentos em meu peito. A taquicardia, revivendo a bateria na avenida, deu lugar a um borbulhar de lágrimas. A emoção de um título que há muito não via. Nada mais justo, que no centenário do samba, a agremiação que venceu a primeira disputa da história, saísse mais uma vez triunfante no carnaval.

O histórico desfile homenageando os Doces Bárbaros, em 1994, foi injustiçado pelos jurados, e quiseram os deuses da avenida que os enredos homenageando Chico Buarque e Maria Bethânia, saíssem vencedores do carnaval. Duas entidades mitológicas e eternas da música popular brasileira.

Que me perdoe o cronista Xico Sá, que antes mesmo do fim do carnaval, elegeu Alessandra Negrini, como a musa de 2016. Ora companheiro, a partida só acaba quando termina. Não há como comparar, um pueril bloco percorrendo as grises ruas da Terra da Garoa, com a majestosa Avenida da Sapucaí, o caldeirão do samba na Cidade Maravilhosa. Sem desdenhar da beleza exuberante da atriz, mas a graciosidade da Abelha Rainha é algo inalcançável a meros mortais. É como comparar uma menina “engraçadinha” com a fúria impiedosa de um “carcará”. A musa do carnaval estava lá, deslumbrante, sendo homenageada e carregada nos braços, pelo público e pela Estação Primeira de Mangueira, a última escola a desfilar no Sambódromo.

O centenário do samba, merecidamente, evoca de sua história o grito que ecoa sobre os barracões de zinco. O título em verde e rosa ratifica a visão do poeta: isso é a confirmação de que a Mangueira é onde o Rio é mais baiano.

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Sobre Rodrigo Barros

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Empreendedor e escritor, Rodrigo Barros é bacharel em Biblioteconomia e em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Gerência de Projetos e MBA em Gestão de Marketing. Fundador e editor chefe na Cartola Editora.

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