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Fla x Flu: A Rebelião que culminou na rivalidade imortal

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Poucas rivalidades no mundo podem se comparar ao que é colocado em jogo quando Flamengo e Fluminense entram em campo, há mais de cem anos. Confrontos históricos, títulos disputados, diversos craques de cada lado e tudo começou com uma cisão no Clube das Laranjeiras.

Após perder o Campeonato Estadual de 1910 para o Botafogo, o Fluminense se viu obrigado a mudar suas convicções para voltar a ser campeão. O Botafogo havia conquistado o título com uma equipe formada basicamente por jovens estudantes e como o futebol ainda era amador, quem trabalhava tinha pouco tempo para treinar, diferente dos estudantes e foi assim que o Tricolor se organizou para a disputa do Estadual de 1911.

A equipe de 1910 foi basicamente trocada, o goleiro Waterman, que havia conquistado o tetracampeonato deu lugar a Othon Baena, atual campeão pelo Botafogo. Na zaga, Nery permaneceu na equipe, mas passou a formar dupla com Píndaro Carvalho. No meio de campo, Armando de Almeida, o Galo, que atuava pelo centro do gramado, passou a atuar pela direita recebendo a companhia de Lawrence a Amarante. No ataque, permaneceram Oswaldo Gomes e Alberto Borgeth, que agora tinham a companhia de Orlando, Gustavo e James Calvert. O novo time composto por oito estudantes tinha apenas três jogadores que trabalhavam: Lawrence, James Calvert e Oswaldo Gomes, sendo o último professor, então quando as aulas terminavam para os alunos, também terminavam pra ele. Com tempo de sobra para treinar, o Fluminense instituiu ainda o cargo de treinador, até então inexistente, preenchido pelo inglês Charles Williams.

Todas essas mudanças deram certo, o Fluminense conquistou o campeonato de 1911 de forma invicta, com 100% de aproveitamento, feito inédito e que só foi repetido pelo Vasco da Gama em 1924, contudo por uma liga a parte, sem a presença de clubes como o Fluminense, Flamengo, Botafogo e América. Além do título, o Fluminense teve o artilheiro do campeonato, James Calvert, com onze gols. Se dentro de campo tudo estava dando certo para o Tricolor, fora dele um conflito de interesses mudaria para sempre a história do Fluminense Football Club.

Após a saída de Ernesto Paranhos e Haroldo Cox do Ground Committee, que era a comissão que avaliava a escalação da equipe que entraria em campo, ficou resolvido que Oswaldo Gomes e Alair Antunes seriam os candidatos para ocupar as vagas em aberto. Oswaldo já era sub capitão do 1º quadro, o que o credenciava naturalmente à candidatura para uma das vagas no Ground Committee e também para a vaga de capitão da equipe. Oswaldo, no entanto, preferiu candidatar-se somente ao Ground Committee, porque Alberto Borgerth já havia sido indicado para a vaga de capitão.

No dia da reunião que definiria quem ocuparia cada uma das vagas, Joaquim Guimarães surgiu como mais um candidato para o Ground Committee, e a votação terminou em um empate, 15 votos para Oswaldo Gomes e 15 para Joaquim Guimarães. O presidente da Assembleia sugeriu então que fosse adotado o critério de eleger o candidato de mais idade. Por 17 votos contra 15 e 3 em branco, os sócios aprovaram a sugestão do presidente e Oswaldo Gomes foi eleito. Apesar da vontade da maioria, Oswaldo não aceitou a indicação, pois acreditava que tudo deveria ser decidido em nova assembleia e no dia 07 de agosto, em carta enviada à diretoria e demitiu-se de sub capitão do 1º quadro.

Nas vésperas da partida contra o Rio Cricket, o Ground Committee se reuniu e escalou a equipe que iria para o confronto. O atacante Alberto Borgerth, que ficou de fora do time que iniciaria a partida, sugeriu que os jogadores também fossem consultados sobre essa escalação, e teve apoio da maioria do elenco. Afonso de Castro posicionou-se contra a sugestão, alegando que a mesma constituiria um mal precedente, transferindo aos jogadores as atribuições do comitê.

Os jogadores se pronunciaram a favor da substituição de Oswaldo Gomes por Arnaldo Guimarães e de Ernesto Paranhos por Alberto Borgerth. No elenco, somente Oswaldo Gomes e James Calvert se mantiveram a favor do que havia sido combinado previamente. O comitê não atendeu as reinvindicações dos jogadores e manteve a escalação, que acabou por vencer a partida por 5 a 0.

Apesar da vitória, e da conquista do título no jogo seguinte, com a vitória por 2 a 0 sobre o América, o clima não era dos melhores. Alberto Borgerth seguia inconformado por ter sido sacado da equipe nos confrontos finais e no dia 03 de outubro, ao lado de Othon Baena, Píndaro de Carvalho Rodrigues, Emmanuel Nery, Ernesto Amarante, Armando de Almeida (Galo), Orlando Mattos, Gustavo de Carvalho e Lawrence Andrews solicitou desligamento do Fluminense Football Club.

Ao se desligarem do Fluminense os “rebeldes” pensaram na possibilidade de se filiarem ao Botafogo, contudo, a hipótese foi afastada porque o alvinegro era o grande rival, o time a ser batido. Pensaram ainda na filiação ao Paysandu, mas por ser um clube exclusivamente formado por ingleses, descartaram a ideia. Alberto Borgerth praticava futebol no Fluminense e remo no Flamengo, e teve a ideia de criar uma seção de futebol no Clube de Regatas. A proposta foi aprovada e consagrada pelo conselho do rubro-negro no dia 08 de novembro, que fundou um departamento de esportes terrestres no Clube de Regatas do Flamengo, com Alberto Borgerth na direção, criando assim o maior rival do Fluminense nos dias atuais.

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Sobre Rodrigo Barros

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Empreendedor e escritor, Rodrigo Barros é bacharel em Biblioteconomia e em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Gerência de Projetos e MBA em Gestão de Marketing. Fundador e editor chefe na Cartola Editora.

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