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A lição de vida de uma menininha

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Era um sábado à tarde quando a Heloísa me trouxe uma foto impressa com alguns dizeres dos dias das mães. A fotografia retratava um instante em que ela e a mãe conversavam em uma tarde na praia de Iracema, em Fortaleza, mais precisamente na Ponte dos Ingleses. Eu havia tirado aquela fotografia no final de semana do dia dos pais do ano passado.

Questionei o que era aquela foto e ela me explicou com uma animação evidente, que em sua escola haviam solicitado uma foto dela com a mãe, e que as melhores fotografias dos alunos seriam premiadas. A imagem em preto e branco retratava a cumplicidade de mãe e filha, e faz parte de uma coleção que tenho de uma sequencia de fotografias daquele momento.

Além da foto com frases e decorações do dia das mães, Heloísa me trouxe uma medalha dourada, daquelas de “honra ao mérito” que todo aluno um dia recebeu na infância. A medalha fazia parte da premiação dada para as melhores fotos levadas pelos alunos. Ela havia escolhido qual foto levar para o concurso. Fiquei feliz por ela, que parecia bastante alegre pelo fato de sua fotografia ter sido escolhida entre as melhores da escola. A medalha, dada de presente à mãe estava em suas mãos quando resolveu me oferecer como forma de agradecimento. Imediatamente Juliana protestou, ora bolas, como poderia ela me oferecer uma medalha que lhe havia sido entregue no dia das mães? Contudo, Heloísa, com sua inocente sabedoria foi categórica:

– Sim, ele merece a medalha, a fotografia foi ele quem tirou, então é justo que ele também seja premiado por ela.

Sorrimos e não questionamos mais sua ordem, Heloísa colocou a medalha em meu pescoço e assim passei boa parte do dia. Quando ela não mais se lembrava do presente que havia me dado, devolvi a medalha a sua mãe, pois para mim, também era justo que o presente do dia das mães ficasse com quem era de direito.

Refleti nos dias seguintes sobre o ato de Heloísa. Para mim, muito mais importante que a medalha em si, fora o seu gesto, a delicada leveza de uma menininha em reconhecer a obra de um artista. Sim, porque fotografias refletem o olhar de um artista sobre um instante, um momento e na maioria das vezes passam despercebidas por olhos menos sensíveis. O bem físico que me fora oferecido não era nada perto de seu gesto, de sua intenção em me premiar pela percepção do momento, no exato instante do clique.

A grande lição dessa história é que muitas vezes não precisamos de premiações, seja através de troféus ou aumento salarial, apenas o reconhecimento por nosso trabalho. Isso já é o suficiente para nos sentirmos importantes e valorizados naquilo que fazemos.

A foto premiada é a que se encontra abaixo:

 heloisa-juliana-ponte-dos-ingleses

 

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Sobre Rodrigo Barros

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Empreendedor e escritor, Rodrigo Barros é bacharel em Biblioteconomia e em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Gerência de Projetos e MBA em Gestão de Marketing. Fundador e editor chefe na Cartola Editora.

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2 comentários

  1. Pra mim, meu maior prêmio é ser capturada por seu olhar. Beijos. Juliana

  2. Amei isso! Ela é realmente especial!

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