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Cristiano Araújo era famoso? Zeca Camargo tem o direito de opinar

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O assunto é polêmico e gerou diversas discussões pela Internet e pelas ruas. Não, não estou falando da declaração do Zeca Camargo sobre a comoção com o falecimento do cantor sertanejo Cristiano Araújo. Essa só ocorreu alguns dias após o falecimento do jovem artista.

Na última semana entrei em uma discussão sobre uma questão: O que é ser famoso?

Eu nunca tinha ouvido falar no nome do cantor antes de seu falecimento. Claro, não sou fã de música sertaneja, então é natural que um artista conhecido nesse nicho seja desconhecido pra mim. Apesar de desconhecer o Cristiano Araújo, conheço o Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, Zezé Di Camargo e Luciano, entre outros, incluindo os da nova geração, como o Gustavo Lima, Michel Teló e Luan Santana. Se eu conheço artistas de um nicho de mercado que eu não me interesso de uma forma geral, esses são famosos, correto?

Chego à conclusão de que o Cristiano Araújo não era famoso, ele era conhecido em seu nicho de mercado. Justificar a quantidade de pessoas em seus shows, ou as “curtidas” que ele tinha em seus vídeos no Youtube não acrescenta muito. Conheço blogueiros e comediantes que tem milhões de seguidores nas redes sociais, milhões de visualizações de seus vídeos, eu os conheço, muitas pessoas conhecem, mas o Brasil, de uma forma geral, não conhece. Então eles não são famosos, são no máximo o que chamamos de “subcelebridade”, como os participantes do Big Brother Brasil que nada fizeram após o programa.

Essa é uma verdade absoluta? Longe disso, não acredito nelas. É apenas o meu ponto de vista, a minha verdade e tenho direito a ela. E é aí que eu chego ao Zeca Camargo. O global tem o direito de emitir sua opinião sobre qualquer assunto. Concorde você ou não, sendo fã ou não do Cristiano Araújo, ele tem direito a ela, a qual eu concordo e ele teria direito, ainda que eu não concordasse com uma linha sequer do que foi dito.

Todo o fã do Cristiano Araújo tem o direito de sofrer pela morte de seu ídolo. Tem o direito de comparecer ao seu enterro e de lamentar a perda. Aqueles que sequer conheciam o artista, também tem esse direito, mas serão alvo da minha crítica, como foi a do Zeca Camargo. Jornalistas e emissoras de TV se comovendo com o falecimento, ao mesmo tempo em que o chamavam de “Cristiano Ronaldo”. Não há comoção, há empobrecimento, uma tentativa forçada de empurrar goela abaixo dos telespectadores um artista que não era famoso e, com isso, vender a imagem do cantor e suas obras póstumas, explorando ainda mais o artista, como fazem em vida e encontraram o ambiente propício com sua morte.

Fãs revoltados passaram a ofender o Zeca Camargo pelas redes sociais. Isso só corrobora com sua coluna que fala em empobrecimento cultural. Não entenderam que a mensagem não era pra eles, como também não era pra quem pinta livros de colorir e, sim para a massificação que surge com o objetivo de gerar dinheiro apenas. Concordando ou não com a opinião do Zeca (que é a mesma que a minha), devemos sempre respeitar o direito que ele tem de expressá-la.

Viver em um País democrático, que nos dá o direito a livre expressão, é isso.

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Sobre Rodrigo Barros

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Empreendedor e escritor, Rodrigo Barros é bacharel em Biblioteconomia e em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Gerência de Projetos e MBA em Gestão de Marketing. Fundador e editor chefe na Cartola Editora.

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